BBB 21: Juliette, Carla Diaz a Arthur Picoli
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BBB 21: Juliette, Carla Diaz a Arthur Picoli

Vivendo seu pós-confinamento, no início de abril, a atriz Carla Diaz convocou os fãs a ajudarem em uma campanha de financiamento coletivo para arcar com custos do tratamento de uma criança acometida por uma doença grave. Quatro dias depois, ainda no Big Brother Brasil 21, Juliette, por sua vez, dizia a Arthur Picoli que faria presença VIP, e levaria sua torcida, em um evento, se ele abrisse um box de crossfit. Logo, o educador físico sugeriu que pedissem dois quilos de alimento de cada visitante a fim de doarem a pessoas necessitadas. E a paraibana concordou. Os chamados feitos por eles, diretos ou indiretos, se transformaram em influência do bem para seus apoiadores. E em um cenário de queda de doações a projetos e organizações do terceiro setor, os fãs dos ex-BBBs vão na contramão, se organizando em grupos, que pedem depósitos e promovem rifas, com fins solidários. Veja, no fim da reportagem, como ajudar.

"O cenário agora de arrecadação é o pior possível. As doações caíram muito após a primeira onda da Covid-19, quando começaram a cancelar as medidas de isolamento nas cidades. E, por outro lado, os pedidos de ajuda se intensificaram na pandemia, principalmente após a redução do valor do auxílio emergencial oferecido pelo governo", lamenta Rene Silva, fundador da ONG Voz das Comunidades, do Complexo do Alemão.

Além da queda nas doações de alimentos, kits de higiene e outros itens a serem distribuídos, houve queda nas receitas das organizações sem fins lucrativos, o que efetivamente paga as contas de luz, água, e até funcionários das entidades que costumam estar na ponta do auxílio a quem mais precisa.

— Quando o país está em crise, o primeiro setor a sofrer é o social. Pois as pessoas tratam a doação como algo supérfluo: 'se possível, a gente faz'. Não é um gênero de primeira necessidade pro doador. Na hora em que há uma perspectiva de queda na receita de uma família ou de uma empresa, ela é cortada, até preventivamente. Sete a cada dez organizações tiveram uma perda de ao menos metade das suas receitas neste período de pandemia. É um dado realmente drástico — afirma Alan Maia, fundador da Agência do Bem, fazendo um apelo: — Na omissão do estado, são as ONGs que levam à população brasileira comida, arte, educação. Se elas não têm verba agora, muitas fecharão as portas e aqueles projetos que atendiam as pessoas não vão existir no pós-pandemia. Então a frase que a gente tem usado para pedir ajuda é: 'quem socorre o socorrista?'. E se as ONGs sucumbirem, quem vai socorrer a população mais adiante?

Carla e Arthur já fizeram entregas junto aos fãs

Por isso, ao finalizarem sua primeira campanha de arrecadação, o "Acervo Carthur Solidário", dos fãs de Carla Diaz e Arthur Picoli, perguntou a duas instituições como seria a melhor forma de ajudá-las. A Casa de Apoio à Criança com Câncer Santa Teresa, no Rio, recebeu R$ 1.500 para pagamento de despesas atrasadas. O asilo Vila Feliz, em Castelo, no Espírito Santo, instituição com a qual Arthur colaborava antes de entrar no BBB, recebeu 370 itens de higiene. Depois disso, já conseguiram doar a entidades e nas ruas, por exemplo: 40 cestas básicas — entregues com a ajuda do educador físico em uma comunidade de Conduru —, 300 marmitas, 200 máscaras, e 400 cobertores, dos quais cem foram distribuídos com Carla em São Paulo, nesta sexta-feira (9), junto a trabalhadores do Hotel Renaissance, que doam marmitas semanalmente nas ruas da capital.

 O Arthur sempre nos apoiou bastante. Antes mesmo de começarmos com as ações, ele nos incentivou a tirar o projeto do papel. Uma das nossas primeiras ações, inclusive, foi a entrega de cestas básicas em Conduru e ele fez questão de estar. Reuniu a família inteira e passaram o dia em prol disso — relata uma das coordenadora do grupo, Renata Lima, de 24 anos: — A Carla já sabia do projeto e, algumas semanas depois, as meninas do grupo encontraram novamente com ela, que pediu para participar. Até brincou que a gente só chamava o Arthur.

O professor de Educação Física percebe um valor especial em ter impactado seus fãs desta forma:

— Eu fico muito feliz, pois eu já fazia minhas ações sociais antes de entrar no programa. E eu queria usar minha visibilidade pra fazer ainda mais. É importante levar esperança para a galera que está à margem da sociedade, esquecida pelo governo e precisando de ajuda — diz.

Em Conduru, onde morava até 2019, Arthur fazia arrecadações periódicas, trocando a entrada em aulões em sua academia e avaliação física em casa por quilos de alimentos e brinquedos. Com isso, beneficiava famílias de baixa renda da região.

Ainda neste mês de julho, ele fará uma nova entrega de doações obtidas por seus fãs no Rio. Para a distribuição, por enquanto, estão garantidos 50 cobertores, 2 mil máscaras, cem marmitas, cem frutas, cem garrafas de água e 50 garrafas de álcool gel.

Para o "Missões Carthur Solidário", outro grupo de fãs de Arthur e Carla, portanto, o aniversário do ídolo, em junho, não poderia ter sido comemorado de outra maneira. Uma campanha com este mote conseguiu garantir 22 cestas básicas e 320 fraldas geriátricas para ajudar três projetos no Rio, em São Paulo e em Cubatão. Além disso, desde a fundação do grupo, foram doadas também 290 marmitas, 162 máscaras, 112 álcool gel, e 200 quilos de alimentos, entre outros itens.

— Agora estamos com a campanha 'Abraço quentinho' e nossa meta é distribuir 300 cobertores para moradores de rua do Rio e São Paulo. Estamos em contato com fornecedores que vendem cada cobertor por R$ 10 e então precisamos arrecadar R$ 3 mil para conseguir fazer a ação -- afirma uma das responsáveis, Luana Mello, de 29 anos, lembrando de como surgiu o grupo: — Os Carthurs são como uma família. Então pensamos: 'porque não ir além das ações usuais de um fã-clube, que é dar presentes, engajar nas redes socais e apoiar o trabalho dos ídolos?'.

Cactos pedem doações a partir de R$ 1, e Juliette elogia

Na família Cacto, como é chamada a torcida que consagrou Juliette campeã, o sentimento é semelhante. Mas foi ao realizarem o "Oscarctos" — uma espécie de Oscar com categorias para destacar fãs —, que decidiram ser melhor premiar pessoas necessitadas, do que os vencedores. Surgiu então o projeto permanente "CactosDe1Em1".

— A ideia foi incentivar as pessoas a doarem R$ 1, pois faz a diferença. Muita gente acha que não, mas apenas no primeiro dia de mutirão conseguimos R$ 2 mil, com muitas doações de apenas R$ 1. E depois chegamos a cerca de R$ 7 mil, convertidos em 4 mil máscaras para o Rio, Paraíba, Recife, Salvador, Acre e Manaus. Os cactos ajudam muito e são motivados a doações — conta a idealizadora Scarllet Victoria Andrade, de 25 anos.

Isto não é a toa. Segundo Anne Louise de Oliveira, de 25 anos, que administra o grupo de fãs "Cactos pela Vida", junto com Maria Luiza Mesquita, de 17, a culpada é a ídola.

— Desde a casa, a Juliette sempre inspirou bondade e proteção. A forma como ela se preocupava com a mãe em relação à pandemia representou bem como nós nos sentíamos em relação a familiares e amigos, e com o próximo também — avalia.

Além de arrecadações diretas, e de ter pontos de coleta no Rio e em São Paulo, o "Cactos pela Vida" divulga pedidos de ajuda de instituições com necessidades.

— Também fazemos campanhas rápidas para doações de cestas básicas, pois geralmente chegam pedidos de pessoas com urgência. E a verdade é que também ajudamos com ações simples, como uma edição de foto para alguém que quer ser um criador de conteúdo — revela Anne, promovendo: — Atualmente, estamos com uma campanha de agasalho, que já arrecadou R$ 7.250, comprou mais de 1 mil máscaras e, nos pontos de coleta, chegaram mais de 300 pares de meia, sacos de agasalho e 50 itens, entre luvas e loucas. Mas continuamos a receber doações.

O engajamento dos fãs nessas questões sociais, é claro, deixam Juliette orgulhosa:

— Eu acredito que fazer o bem, ter empatia e um olhar para o próximo é sempre o melhor caminho, independentemente de quem o faz ou para onde o faz. Fico feliz que meus fãs se organizam para tais ações. Espero que sigam de exemplo para muita gente. O mundo precisa disso — incentiva a paraibana.

Rene Silva, fundador da ONG Voz das Comunidades, é um cacto assumido desde o início do programa. E, por comentar o reality show em suas redes, acabou criando um laço forte com a torcida. De forma orgânica, os fãs passaram a ver, divulgar e contribuir com suas campanhas. E a força da influência da campeã do BBB fica óbvia nos resultados:

— Em uma campanha que os fãs divulgaram muito, mesmo sem as contas oficiais da Juliette na internet, arrecadamos R$ 100 mil em 24 horas. Foram mais de 1.300 cestas básicas compradas e distribuídas nas favelas do Rio. Foi bem marcante. Uma grande mobilização — recorda Rene, que foi notado posteriormente por administradoras das redes sociais de Juliette, enquanto ela ainda estava confinada. A ONG voz das comunidades, e outras 19 por todo o país, foram divulgadas pelo perfil de Juliette no Instagram, ao atingir 20 milhões de seguidores, em uma convocatória de solidariedade.

Ajudar é txóp, cria. Veja como doar muito (ou pouco) ouro

Acervo Carthur Solidário - O grupo presta contas e publica fotos de ações no Instagram @acervocarthursolidario (clique aqui). É possível ajudar o projeto permanente fazendo transferência direta pelo Pix disponibilizado nas redes sociais. Há ainda uma rifa, por apenas R$ 20, em andamento, valendo uma Alexa 3ª geração.

Missões Carthur Solidário - No Instagram @missoes.carthur (clique aqui), é informada uma conta para doações. A meta atual é juntar R$ 3 mil, para comprar 300 cobertores a serem distribuídos no Rio. Fotos e outras informações de ações já realizadas estão disponíveis.

Cactos pela Vida - Para a campanha atual de doação de agasalhos, as doações são recebidas em pontos de coleta no Rio e em São Paulo, por envio pelos Correios, ou em quantia pelo Pix, vaquinha online no Abacashi, e até boleto a ser gerado mediante pedido do doador. O CactosDe1Em1 está arrecadando, no momento, para a mesma ação. As instruções estão no Instagram: @cactospelavida (clique aqui), que também reúne depoimentos e registros de doações feitas.

Voz das Comunidades - Criou o projeto #pratodascomunidades para levar alimentos a quem precisa no início da pandemia. É possível doar pelo site do projeto (clique aqui), via PicPay, depósito bancário e Pix.

Mais ONGs - Como a Agência do Bem alertou, muitas organizações sem fins lucrativos que realizam trabalhos sociais há anos precisam de ajuda especialmente neste momento. Com o corte de doações pelas famílias e até de editais de empresas durante a pandemia, falta mesmo dinheiro para pagar contas básicas, como de água, luz e aluguel, e salários de funcionários. Por isso, antes de comprar mantimentos, entre em contato com uma ONG que conhece e pergunte o que ela precisa.

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