Quando Érika Januza conversou com a reportagem do iG por telefone ela precisou dar uma pausa em suas mini-férias. Depois de encerrar o elogiado trabalho como Raquel em “ O Outro Lado do Paraíso ”, ela viajou pela primeira vez para os EUA, onde visitou os parques temáticos de Orlando.

Erika Januza: “A novela é entretenimento, mas quando ela pode inspirar é tão importante e é muito válido”
Sandro Coutinho/Magic Village
Erika Januza: “A novela é entretenimento, mas quando ela pode inspirar é tão importante e é muito válido”

Do resort onde estava hospedada, Érika Januza celebrou o bom momento na carreira e também o breve descanso antes de voltar ao Brasil e ao trabalho: “já não quero ir mais embora”, brincou a atriz que assim que retornou ao Brasil se tornou uma das embaixadoras do “Criança Esperança” 2018.

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Ela também gravou o novo clipe de Wesley Safadão ao lado de Marcelo Mello Jr. Eles serão protagonistas de Sortudo , nova música de trabalho de Safadão, que ainda não tem data de estreia.

Suburbia

“A Suburbia virou juíza”. Foi isso que Érika ouviu recentemente de um fã na rua. A série de 2012 marcou a estreia da atriz na televisão, na pele de Conceição, mais conhecida como Suburbia.

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Erika Januza

Atriz comemora sucesso de juíza em "O Outro lado do Paraíso"

Desde então ela fez alguns papeis na dramaturgia da Globo em novelas como “Em Família” e “Sol Nascente”, mas nada que se compare com a grandeza da personagem de “O Outro Lado do Paraíso”. “A Raquel foi um presente pra mim. Me mudou muito como atriz”, afirmou.

A personagem foi criada em um quilombola e estuda direito, se tornando juíza. Em meio a isso, ela se apaixona pelo filho da família para a qual trabalha, e enfrenta o racismo desse núcleo familiar. Para criar a personagem, Érika passou um tempo com o povo quilombola e conheceu mais da cultura do capim dourado: “é um povo com uma vida muito simples, mas muito feliz”.

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Identificação

Depois de sofrer preconceito, ela se afasta do amado, muda de cidade e vai estudar. Quando retorna, Raquel assume o papel de juíza. O caso, Érika conta, causou identificação em muitos fãs. Ela relata um encontro com uma fã que afirmou também fazer direto e, por conta da personagem, se inspirou a seguir a carreira de juíza também.

“A novela é entretenimento, mas quando ela pode inspirar é tão importante e é muito válido”, comenta. Apesar do racismo também ser uma questão que gera identificação, o papel de Érika traz algo ainda pouco explorado pelas novelas brasileiras: personagens negros que existem além de sua cor de pele. “É hora de abrir as portas”, comenta a atriz. “O brasileiro quer se ver identificado”.

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Sandro Coutinho/Magic Village

“O brasileiro quer se ver identificado”, comenta atriz sobre participação de atores negros em novelas

Saindo do estigma do negro empregado, ela olha para a personagem como o começo de uma nova era para os negros na TV. “A Raquel não tinha condições e através do estudo ela conseguiu vencer na vida. Ela passou por situações difíceis, preconceito, mas não deixou que isso a abatesse, pelo contrário, foi uma alavanca para ter uma vida melhor”, completa. “Eu acho muito bom quando você senta na frente da TV e vê uma empresária negra, por exemplo”, comenta, mostrando que deseja mais personagens tridimensionais para atores negros.

Mas será que agora ela vai pensar duas vezes antes de aceitar um personagem mais estereotipado? Érika confessa que não parou para analisar isso, mas se sente dividida. “(O personagem) é o que você faz com o que você recebe. Fazer empregado não é indigno”, explica.

No caso de Raquel, por exemplo, Érika não sabia que ela se tornaria juíza. A sinopse original falava apenas sobre o preconceito e os problemas no amor. Por outro lado, essa seleção poderia afunilar as oportunidades de trabalho. “Quero muito que aconteça naturalmente como tem sido na minha vida”, deseja.

Oportunidade

Com Wesley Safadão e Marcello Mello Jr. na gravação de Sortudo, próximo clipe do cantor
Reprodução/Instagram
Com Wesley Safadão e Marcello Mello Jr. na gravação de Sortudo, próximo clipe do cantor

Nesse sentido, Érika assume que ainda há um longo caminho a se percorrer. “Apesar dos negros serem a maior parte da população (brasileira), a gente ainda tem trabalhos onde precisa ter personagens negros específicos. Não tem o personagem que é negro por que ele é como a Raquel”.

Não precisa ir muito longe para exemplificar a fala de Érika. Além de ser uma das poucas atrizes negras do elenco de “O Outro lado do Paraíso”, ela era uma das poucas com expressividade, equiparada apenas por Rafael Zulu como Cido.

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Em “A Força do Querer”, nenhum negro ocupava um papel grande. E atualmente em “Segundo Sol” a situação é ainda pior. Além da pouca representatividade negra, a trama se passa em Salvador, no estado com a maior população negra do país. “Seria bonito de ver a Bahia representada como ela é”, confessa Érika.

Sem entrar na polêmica, Érika torce para que, com o apelo que o casting da novela gerou, a situação mude no decorrer da trama. “O apelo mostra como as pessoas estão conscientes. Sinto que há um movimento de conscientização”, comemora.

Nesse sentido, cabem aos criadores aumentarem as oportunidades para atores negros. Isso inclui escrever papeis para negros que tenham carreiras, formação profissional e dinheiro, sinônimos de prosperidade comumente usados para personagens brancos. “A palavra é oportunidade. E eu torço para que cresça”, completa Érika.

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O futuro de Érika Januza

Raquel causou grande identificação do público e se tornou um sucesso em
Erika Januza
Raquel causou grande identificação do público e se tornou um sucesso em "O Outro lado do Paraíso"

Érika chegou a participar de testes para o musical sobre Dona Ivone Lara, mas confessa que desistiu de prosseguir, quando viu que não conseguiria se dedicar integralmente ao projeto. Ainda assim, a atriz não descarta cantar em um musical no futuro. Ela, aliás, tem investido no seu lado cantora. “Musical é a minha meta. Continuo firme nas aulas de canto”, confessa.

Enquanto ela ainda não pode entregar seus planos para o futuro, podemos ter certeza de uma coisa: no subúrbio ou Jalapão, nos bailes funk que Conceição frequentava ou na corte dominada por Raquel, esse é só o começo para Érika Januza .

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