Essa quinta-feira (28) marca os 25 anos da morte de Daniella Perez . A atriz, filha da autora Glória Perez, foi assassinada pelo colega de elenco e par romântico na novela “ Corpo e Alma ”, Guilherme de Pádua . O caso chocou o Brasil e foi muito repercutido na época. Mesmo com o caso acontecendo em 1992, Pádua só foi condenado em 1997 a 19 anos de prisão, dos quais cumpriu seis.

Leia também: Gloria Perez xinga assassino da filha e mostra no Twitter foto de Daniella morta

Glória Perez compartilha imagens com a filha e declara:
Reprodução/Facebook
Glória Perez compartilha imagens com a filha e declara: "filho não se conjuga no passado"

Na data que marca os 25 anos da morte da filha, Glória Perez desabafou sobre o caso e as implicações judiciais em um post no Facebook . “25 anos é menos que 25 dias, que 25 horas, que 25 segundos. Filho não se conjuga no passado!”, declarou, antes de comentar sobre como o caso da filha mudou, mesmo que um pouco, as leis brasileiras. “Em 1992 matar não dava cadeia”, explicou. Com seu time de advogados, ela lutou para que o homicídio qualificado fosse incluído na lista de crimes hediondos. Confira seu desabafo na íntegra:

Leia também: Humberto Martins, Juliana Paes e atores que não saem das novelas de Glória Perez

A EMENDA POPULAR

undefined
Reprodução/Facebook

Glória Perez lutou para mudar a legislação brasileira depois da morte da filha

Em 1992, as leis penais eram ainda mais frouxas. Matar não dava cadeia: assassinos tinham direito de esperar, em liberdade, por um julgamento que podia ser adiado indefinidamente — bastava ter advogados que soubessem explorar as brechas da lei e utilizar o número infinito de recursos disponíveis para atrasar o andamento dos processos. A não ser que o crime cometido estivesse elencado na Lei dos crimes hediondos, promulgada em 1990, que listava crimes que deviam ser levados a sério. Para estes, tidos como os mais graves, a prisão era imediata e não se admitia pagamento de fiança. Matar botos, papagaios, animais que faziam parte do patrimônio, era crime hediondo - matar gente, não. Assassinato não entrou na lista.

Descobri, então, um dispositivo da constituição que permitia à sociedade fazer passar uma lei, desde que a reinvindicação fosse assinada por uma certa porcentagem da população do país. Procurei o Dr. Biscaia, na época chefe do Ministério Público, e ele considerou que, ao invés de uma nova lei, o que se devia propor era incluir o homicídio qualificado (aquele em que existe a intenção de matar), no rol da Lei dos crimes hediondos.

Redigida a emenda, eu e outras mães na mesma situação, imprimimos um abaixo assinado. A distribuição, numa época sem internet e sem contar com o apoio de nenhum grande órgão de imprensa, era feita de mão em mão. Gente de todo o país escrevia, pedindo as listas, que eram passadas em repartições, escolas, shows, nas ruas mesmo. E chegavam a nos pelo correio.

Nessas condições, inimagináveis para a geração de hoje, conseguimos, em apenas três meses, reunir 1.300.000 assinaturas -a lei só pedia 1.000.000. E as levamos ao Congresso. Lá, não foi fácil o percurso: e na última sessão do ano, tão logo foi anunciada a votação da emenda, assistimos o plenário esvaziar-se, no claro intuito de impedir a votação, por falta de quórum. Senadores saíam de fininho, passavam sem nos encarar, ignorando nossos apelos para que ficassem. Não houve quórum. Mas houve um senador de coragem: Humberto Lucena, então presidente do Senado, enquadrou a emenda como urgência urgentíssima. Assim, o homicídio qualificado foi incluído na Lei dos crimes hediondos.

Foi uma campanha de mães, uma campanha encabeçada por mães que haviam perdido seus filhos: Jocélia Brandão (de Minas, mãe da Miriam Brandão), as mães de Acari, as vítimas de Vigário Geral, a Valéria Velasco, de Brasília, e tantas outras! a mudança não teria nenhuma interferência no caso dos nossos filhos, uma vez que a lei não retroage para punir. Mas é graças a essa emenda que criminosos como Suzanne Richtofen, o casal Nardoni, e tantos outros, ainda estão na cadeia. Não fosse isso, já estariam rua há muitos anos.

Assim nasceu a primeira emenda popular da História do Brasil. Na prática, o que ela fez foi igualar a vida humana à vida dos botos e dos papagaios. Mas já é alguma coisa!

O caso

Daniella Perez, então com 22 anos, já tinha feito alguns papeis notáveis na TV, que a levaram a protagonista Yasmin, de “De Corpo e Alma”, escrita por Glória Perez . Casada com Raul Gazolla , ela protagonizou a novela ao lado de Guilherme de Pádua que era casado com Paula Thomaz. Em 28 de dezembro de 1992 ele e a esposa encurralaram Daniella em um posto de gasolina, onde ele a espancou e esfaqueou . Acredita-se que o caso tenha sido motivado por ciúme e cobiça.

Leia também: “Novela nunca esteve em decadência”, afirma Glória Perez

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!