Há entrevistados que são maravilhosos e Christine Fernandes, americana na certidão, mas brasileiríssima de coração, certamente pertence a este clube. No ar como a megera de proporções bíblicas Sammu Rammat de “O Rico e Lázaro” , novela da Record , a atriz bateu um papo com a reportagem do iG sobre sua personagem, seu corpo e o futuro (o seu e o do Brasil).
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“Não sei se sou referência de saúde e beleza”, ri, “mas sempre cuidei da minha alimentação”, se diverte com a pergunta do repórter. Aos 49 anos e vivendo a personagem pela qual esperou um bom tempo, Christine Fernandes esbanja modéstia quase na mesma proporção de beleza. “Saúde é vida. Como gravo bastante, a rotina de exercícios fica complicada e menos dinâmica do que era antes. Hoje procuro ir três vezes à academia, pelo menos. Quando posso, pratico nado e vôlei, minhas grandes paixões”, observa. A outra é o Flamengo, mas o momento do time fez com que o tópico fosse dispensado.
Sobre o trabalho na Record, a atriz é só entusiasmo. “Eu já havia trabalhado na Record anteriormente e também tinha tido uma ótima experiência. Agora não é diferente, o profissionalismo continua. Acredito que isso aconteça em todas as emissoras, pois todo mundo sempre busca fazer o melhor em sua profissão”. Ela conta que esperou um bocado até surgir uma personagem que realmente a desafiasse e a encontrou em Sammu. “Ela é o tipo de vilã que toda artista deseja fazer um dia”, se derrete. “A personagem estar em torno de um tema bíblico é só um bônus, temos uma gama de assuntos e situações muito amplas. Trabalhamos o sagrado e o profano de maneira inteligente”.
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Sammu mexe mesmo com a motivação da atriz. “Ela é uma vilã que exige uma energia muito pesada, nada é fácil com ela”, observa. “Quando somos artistas e passamos a maior parte do nosso tempo vivendo outra vida, ou seja, a vida do nosso personagem, isso exige muito. As cenas de vilania, de assassinato são sempre as piores, pois saio de lá muito cansada”. A despeito do relato, Christine admite que há, sim, um prazer secreto, para muitos inconfessável, de se viver o vilão. “A Sammu não sente remorso do que faz, é uma consciência tão tranquila que nos deixa tranquila”, ri.
Doces memórias
O trabalho na Globo ficou para trás, pelo menos por enquanto, mas ficou, também, na memória. Instigada pela reportagem a escolher um trabalho favorito – ela esteve em hits como “Cheias de Charme”, “Avenida Brasil” e “A Favorita” – desconversou. “Difícil escolher uma opção, já que todas foram muito importantes na minha carreira. Foram momentos diferentes da minha vida e que, por isso, se encaixam de maneira única”.
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Outra experiência exitosa foi como apresentadora. Chris comandou o “Superbonita”, do canal pago GNT, e fez parte da bancada do “Saia Justa”, do mesmo canal. “Eu amei apresentar, definitivamente é algo que quero mais para frente também”. Para ela, a TV detém ainda uma responsabilidade no campo da formação de opinião que as redes sociais, por mais abrangentes e inclusivas que sejam, ainda não são capazes de tangenciar.
O Brasil de Moro
O que nos leva ao combalido e conflituoso momento político pelo qual atravessa o País. “Sou pró Lava-Jato, mas confio por enquanto em um braço específico, o de Curitiba. Confio no Moro e por ora só nele”, afirma sem margem para tergiversações. “Acho que estamos vivendo um momento importante para a nação e espero que possamos sair transformados de tudo isso, e de uma maneira que se reverbere positivamente na população”.
Para Chris, é importante um artista que detém poder de mobilização atuar politicamente, mas de maneira a respeitar as individualidades. “É bom que todos tenham a consciência de que a opinião é de cada um. Eu jamais falaria para os meus seguidores e fãs votarem em tal pessoa, isso é único e íntimo de cada pessoa. Quando temos uma voz, é importante usá-la para o bem. Se posso mudar um pouquinho que seja a nossa sociedade por meio da visibilidade que tenho, então farei”.
Cinematográfica
Já são 11 os filmes no currículo da atriz no cinema e vem o 12º aí. “O Galã”, previsto para estrear no segundo semestre, tem Chris dividindo a cena com Luis Henrique Nogueira e Thiago Fragoso. “É um conflito interessante entre esses três personagens, o Beto (Nogueira), Julio (Fragoso) e a Laura (minha personagem)”, conta. “Os dois irmãos, que no caminho se desentenderam, retornam o contato em um momento delicado da vida e, por conta do destino, estão juntos novamente. A minha personagem, a psicóloga Laura, é responsável por mediar essa desavença entre eles, mas acaba se apaixonando por Julio. É bem interessante e acho que o público vai apreciar”.
E Chris sabe se colocar no lugar do público. Prova disso é, que além de ser assídua consumidora de cultura pop – atualmente assiste às séries “Billions”, “Big Little Lies”, Genius” e “Fargo” – tem uma opinião contundente formada sobre o cinema nacional. “Há uma tendência de que os filmes de comédia dominem o cinema brasileiro. Não é ruim, pois qualquer audiência boa de cinema nacional é excelente, mas sinto falta do público ter costume de ir ver bons filmes nacionais e com isso criar um público para o cinema nacional que não seja desse gênero apenas. Achei ‘Aquarius’ o retrato do Brasil e gostaria que filmes com este teor fossem bem recebidos, pois é tipo de filme que gera debate e nos dá chance de nos olharmos como povo”.
O papo tá ótimo, mas precisa terminar. E 2018 vai ser tão intenso quanto 2017? Christine Fernandes ri, fala que tem projetos dos quais não pode (ainda) falar e que há muita esperança de um Brasil melhor, desafios e amor para sua vida. A gente fica aqui acompanhando e torcendo Chris!